Chuva contribui para controle de incêndio no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

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Fogo começou em 10 de setembro em uma área de difícil acesso, chamada Travessia Cobiçado x Ventania, dificultando o trabalho de combate realizado por 60 pessoas, entre servidores do ICMBio e bombeiros.

A alteração climática no Sudeste do Brasil auxiliou na extinção do incêndio que afetava parte da vegetação do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, na região serrana do estado do Rio de Janeiro. “O incêndio foi controlado ontem [17] após as chuvas na região”, informou à Agência Brasil nesta quarta-feira (18) Ernesto Viveiros de Castro, biólogo e chefe do parque.

O parque, sob administração do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, abrange 20 mil hectares que se estendem pelos municípios de Teresópolis, Petrópolis, Magé e Guapimirim.

Entre as áreas abertas ao público estão cachoeiras, a maior rede de trilhas do Brasil, com mais de 200 quilômetros, e o pico Dedo de Deus, local de referência para a prática de escalada no país. O parque também abriga mais de 2,8 mil espécies de plantas, além de 750 espécies de aves, mamíferos, anfíbios e répteis.

O incêndio, que teve início no dia 10 de setembro, ocorreu em uma região de difícil acesso, conhecida como Travessia Cobiçado x Ventania, o que dificultava o trabalho de combate realizado por 60 pessoas, incluindo 36 ligadas ao ICMBio e 24 bombeiros. O controle do fogo contou com o uso de aeronaves e a criação de trincheiras.

A Polícia Federal e o ICMBio estão investigando as causas do incêndio. De acordo com a administração do parque, “o ponto de origem já foi identificado em áreas rurais próximas ao parque, com indícios de ação criminosa”. Em entrevista anterior à Agência Brasil, Viveiros de Castro já havia mencionado essa suspeita.

Ainda segundo a administração do parque, não houve registro de raios ou incêndios naturais na região. Com o incêndio controlado, será feita uma avaliação para determinar a extensão dos danos e o tempo necessário para a recuperação da vegetação.

A administração também reforça que “é proibido o uso de fogo durante o período de seca, seja para queima de lixo ou limpeza de áreas agrícolas. Essa prática é perigosa e pode resultar em penalidades severas”.

Panorama das queimadas no Brasil
O Brasil enfrenta um cenário de queimadas e incêndios florestais em 2024. Entre janeiro e agosto, o fogo atingiu 11,39 milhões de hectares, de acordo com o Monitor do Fogo Mapbiomas, que divulgou dados no último dia 12. Apenas em agosto, 5,65 milhões de hectares foram queimados, o que representa 49% do total do ano.

Na terça-feira, os chefes dos Três Poderes da República se reuniram para discutir o tema no Palácio do Planalto, em Brasília, em uma iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Participaram do encontro o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso.

Investigações sobre possíveis crimes ambientais
Ministros também estiveram presentes na reunião, incluindo a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Um dos tópicos abordados foi a origem criminosa de alguns incêndios. Também foi discutido o aumento das penas para crimes ambientais.

Marina Silva destacou que, exceto por causas naturais, “qualquer incêndio pode ser classificado como criminoso” no atual contexto. A ministra reiterou a proibição do uso do fogo em todo o território nacional.

A Polícia Federal iniciou uma investigação para apurar a possível origem criminosa dos incêndios, com indícios de ações coordenadas.

Nesta quarta-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, autorizou o uso da Força Nacional de Segurança Pública em municípios dos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Mato Grosso, Roraima e Acre, para atuar no combate aos incêndios florestais por 90 dias.

Impactos na saúde
A propagação de incêndios em diversas regiões do Brasil tem gerado nuvens de fumaça que se espalham por diferentes localidades, levantando preocupações com relação à saúde pública. A exposição prolongada aos componentes tóxicos presentes na fumaça pode causar problemas respiratórios e, em casos mais graves, aumentar o risco de desenvolvimento de doenças, como o câncer.

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