Campos Neto afirma que setor financeiro é mais otimista do que o produtivo

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Presidente do BC comparou resultados da pesquisa Firmus com o Boletim Focus para esclarecer as expectativas do mercado financeiro sobre a inflação.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (13) que o setor financeiro demonstra maior otimismo em relação às expectativas inflacionárias do país, em comparação ao setor produtivo. A declaração foi feita durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados e se baseia em conclusões iniciais da pesquisa Firmus, conduzida pelo Banco Central com 92 empresários de setores não financeiros. A pesquisa ainda está em fase piloto.

O setor não financeiro abrange empresas e atividades econômicas que não estão diretamente ligadas aos serviços financeiros, concentrando-se na produção de bens e serviços, como as indústrias, o comércio, serviços e agricultura.

Campos Neto explicou que a pesquisa Firmus foi realizada em resposta a críticas dirigidas a outras pesquisas, como o Boletim Focus, que consulta 120 empresas financeiras e, segundo alguns, estariam inclinadas a preferir juros altos por supostamente lucrar com essa política monetária.

“A gente vê [a crítica de que] essa expectativa de inflação que é feita nas pesquisas é uma expectativa de mercado financeiro; que são pessoas no mercado financeiro que têm interesse de ter juros altos. Diante disso, a gente realizou a Pesquisa Firmus, que não é feita com o mercado financeiro, mas com firmas [empresas do setor não financeiro],” explicou Campos Neto.

Segundo o presidente do BC, os resultados da pesquisa Firmus indicam que as empresas do setor real projetam uma inflação mais alta do que as previsões feitas pelo setor financeiro.

Na audiência conjunta das comissões de Desenvolvimento Econômico e de Finanças e Tributação, Campos Neto apresentou uma comparação entre a pesquisa Firmus e o Boletim Focus. Em maio de 2024, a expectativa predominante de inflação para o ano era de 4% segundo a Firmus, e de 3,89% segundo o Boletim Focus. Para 2025, as previsões foram de 4% e 3,77%, respectivamente.

“O que a gente vê é exatamente o contrário do que se escuta. Na verdade, as firmas têm sido mais pessimistas em relação à inflação do que o mercado financeiro,” concluiu Campos Neto.

Críticas

Durante a audiência, alguns parlamentares criticaram a condução da política monetária pelo presidente do Banco Central. Entre as críticas, mencionaram a falta de uso das reservas cambiais para conter a valorização do dólar, que, segundo os parlamentares, contribui para o aumento da inflação no Brasil.

Campos Neto respondeu que o Banco Central intervém no câmbio apenas em momentos de estresse no mercado e que, ao não realizar tal intervenção, considerou que não havia uma disfuncionalidade que justificasse a ação.

O presidente do BC também se recusou a responder perguntas sobre supostas empresas offshore (localizadas no exterior) que seriam associadas a ele e que poderiam ter lucrado com a alta de juros no Brasil. Quando questionado diretamente pelo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) sobre seus investimentos em offshores, Campos Neto afirmou que não responderia a questões pessoais e que já prestou contas ao Comitê de Ética do Banco Central.

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