Curitiba terá a maior biofábrica do mundo para produção de mosquitos contra a dengue

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Novas informações sobre o projeto foram apresentadas nesta quarta-feira (30) no auditório do Tecpar, em Curitiba

Está em construção no Paraná uma biofábrica para produção de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, usada no combate a doenças como dengue, chikungunya e Zika. A unidade, que será a maior do mundo nesse tipo de produção, está localizada em Curitiba, com 35% das obras concluídas e previsão de início das operações em 2025.

As atualizações do projeto foram divulgadas em evento no Tecpar, na Cidade Industrial de Curitiba, durante a comemoração de dez anos do uso do Método Wolbachia no Brasil. Participaram representantes do Governo do Estado, do Ministério da Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e de municípios beneficiados pela tecnologia.

Instalada no Parque Tecnológico da Saúde, a biofábrica é de responsabilidade do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), em parceria com o World Mosquito Program (WMP), e produzirá cerca de 100 milhões de ovos de mosquito por semana. A produção será destinada a municípios com alto risco de dengue, conforme demanda do Ministério da Saúde e da Fiocruz. A estimativa é beneficiar 140 milhões de brasileiros em até 10 anos de operação.

Atualmente, dois municípios no Paraná, nas regiões Oeste e Norte, já utilizam o método Wolbachia. Desde a inauguração das primeiras biofábricas para soltura dos mosquitos em julho, foram liberados aproximadamente 13 milhões de mosquitos em Londrina e 7 milhões em Foz do Iguaçu. Em outras regiões do Brasil, municípios como Joinville (SC), Presidente Prudente (SP), Uberlândia (MG) e Natal (RN) também foram selecionados para a aplicação da estratégia.

Segundo Livia Vinhal, coordenadora-geral de Vigilância de Arboviroses do Ministério da Saúde, a tecnologia apresenta resultados positivos desde o início do projeto em Niterói, com a expectativa de que outros municípios possam adotar o método, considerado sustentável e eficaz.

Método Wolbachia

Desenvolvido na Austrália, o método começou a ser usado no Brasil em 2014, quando o país integrou o Programa Mundial de Mosquitos (WMP), conduzido pela Fiocruz com financiamento do Ministério da Saúde e apoio de governos locais. Luciano Moreira, líder do Método Wolbachia no Brasil, relatou que os resultados acumulados em dez anos indicam uma redução de até 60% nos casos de dengue nos locais onde os mosquitos com a bactéria foram introduzidos, sem riscos à população.

A bactéria Wolbachia, presente em aproximadamente 60% dos insetos, foi introduzida no mosquito Aedes aegypti em laboratório, e pesquisas indicam que ela impede o desenvolvimento de vírus como o da dengue, reduzindo a transmissão.

Ivana Lucia Belmonte, coordenadora da Vigilância Ambiental da Sesa, informou que o Paraná já solicitou ao Ministério da Saúde a inclusão de mais municípios no estado para aplicação do método, mas que a definição das cidades depende de autorização ministerial.

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