Debate sobre sites de apostas contrapõe economia e saúde

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“No nosso ambulatório, mais de 40% dos atendimentos foram destinados a jogos de aposta esportiva”, afirma psicóloga. Jurista prevê arrecadação bilionária para os cofres públicos.

Os sites de apostas, conhecidos como bets, promovem suas plataformas intensamente nos meios de comunicação. Nesses sites, é possível apostar dinheiro em resultados de partidas de esportes, como futebol, basquete, boxe e artes marciais mistas.

Magno José Santos de Sousa, presidente do Instituto Jogo Legal, estima que mais de dois mil sites de apostas esportivas operem no Brasil. No entanto, essas empresas têm até o fim do ano para se regularizar no país, o que torna o número exato incerto.

Há defensores da regulamentação dos jogos, que apontam benefícios como a arrecadação de impostos e um maior controle da atividade, com potencial para gerar até R$ 18 bilhões para os cofres públicos. Em contrapartida, profissionais de saúde alertam para os possíveis danos à saúde mental dos jogadores.

Publicidade em discussão

Defensores da regulamentação acreditam que a lei pode criar regras mais claras para a publicidade, incluindo avisos sobre os malefícios do jogo e a proibição de participação de menores de 18 anos. Thiago Valiati, advogado e pesquisador em direito constitucional, considera que a lei é essencial para controlar a publicidade excessiva e garantir a arrecadação de tributos.

A legislação estabelece critérios para a regulamentação da atividade, a distribuição da receita arrecadada e a fiscalização do setor. Valiati explica que parte da receita das empresas de apostas será destinada a áreas sociais, incluindo educação.

Dependência

Bruna Mayara Lopes, psicóloga do Ambulatório dos Transtornos de Impulso do Hospital das Clínicas de São Paulo, alerta para o risco de dependência causado pelos jogos de aposta. Ela destaca que pessoas com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) são mais vulneráveis a esse transtorno.

A psiquiatra Raquel Takahashi classifica o transtorno do jogo na mesma categoria das dependências químicas, ressaltando a necessidade de mensagens insistentes sobre os riscos do jogo.

Sinais de dependência

Sinais de dependência incluem comprometimento financeiro, como pedir empréstimos para apostar, e impacto negativo nos relacionamentos pessoais e no trabalho. Bruna Lopes enfatiza que a internet aumenta os riscos para jovens, e que os adultos devem estar atentos aos adolescentes que apostam.

No ambulatório

No Ambulatório dos Transtornos de Impulso, mais de 40% dos atendimentos foram para jogos de aposta esportiva, com um aumento na procura por jovens. Raquel Takahashi observa que homens jovens, especialmente aqueles com histórico de dependência de álcool e drogas, são os mais vulneráveis.

Mais fiscalização

Thiago Valiati destaca que as casas de apostas demandam mais segurança e fiscalização. A nova lei proíbe apostas em categorias de base ou eventos com menores de idade. O Ministério da Fazenda deverá emitir portarias detalhando a regulamentação.

Recursos para o país

Magno José Santos, presidente do Instituto Jogo Legal, observa que o setor movimentou mais de R$ 54 bilhões no ano passado, com uma alta premiação. Ele ressalta que uma parte significativa desse valor foi para publicidade, sem contrapartida para o Brasil.

André Gelfi, presidente do Instituto Brasileiro para o Jogo Responsável, reforça a necessidade de regulamentação para proteger os apostadores e monitorar a integridade esportiva. A Caixa Econômica Federal também manifestou interesse em autorizar apostas esportivas, seguindo práticas internacionais de responsabilidade.

Ajuda

Defensores da regulamentação enfatizam a necessidade de alertar sobre os riscos do jogo. A psicóloga Bruna Lopes recomenda que pessoas com problemas de dependência procurem ajuda em centros de atenção psicossocial (Caps) ou em grupos de autoajuda, como os “Jogadores Anônimos”.

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