Dengue pode deixar consequências, saiba quais são elas

Em casos graves, a dengue pode afetar coração, rins, fígado e cérebro, dizem especialistas. O Brasil lidera o ranking mundial de casos da doença, com 82% dos registros globais.

Pacientes infectados por dengue frequentemente apresentam dores no corpo, febre alta e manchas na pele. Esses sintomas geralmente duram de 5 a 7 dias. No entanto, mesmo após a cura, alguns sintomas podem persistir, como fadiga extrema, dores musculares e articulares, além de manchas na pele.

Estou com dengue, o que fazer?

O infectologista Julival Ribeiro explica que pessoas diagnosticadas com dengue grave, também conhecida como dengue hemorrágica, podem continuar a ter sintomas e desenvolver sequelas, como insuficiência cardíaca e miocardite, uma inflamação do músculo do coração. Ele também menciona possíveis sequelas cerebrais.

“Dependendo do quadro clínico da dengue, se foi grave, podem surgir manifestações neurológicas, como perda de memória e irritabilidade, caso tenha ocorrido inflamação no cérebro”, afirma o infectologista. Ele recomenda que pacientes que apresentem sintomas semanas após a cura procurem assistência médica. “Alterações podem durar por longo tempo ou tornar-se crônicas em casos de dengue grave. Portanto, quem teve dengue e apresenta sintomas depois de várias semanas ou meses deve procurar um serviço de saúde para esclarecimentos”, indica Julival.

Dengue hemorrágica

As alterações de saúde são mais frequentes em pacientes que tiveram dengue hemorrágica. O especialista em doenças tropicais e infectologista do Hospital Anchieta, Manuel Palácios, explica como a dengue clássica pode evoluir para a hemorrágica. “A dengue pode evoluir para dengue hemorrágica, ou dengue grave, quando há um aumento da permeabilidade vascular, levando a vazamento de plasma, sangramentos graves e falência de órgãos. A fase crítica pode durar de 24 a 48 horas”, destaca.

Segundo Manuel Palácios, os sintomas da progressão da doença costumam aparecer entre o 3º e o 7º dia e coincidem com a queda da febre. Os sintomas incluem:

  • Sangramentos espontâneos: nas gengivas, nariz e trato gastrointestinal
  • Dor abdominal intensa e contínua
  • Vômitos persistentes
  • Letargia ou irritabilidade

A médica intensivista do Hospital Santa Marta, Adele Vasconcelos, explica que a dengue causa desidratação interna por perda de líquido, o que faz com que o sangue engrosse e as plaquetas diminuam – fatores que aumentam o risco de hemorragia. “A evolução da dengue para a hemorrágica depende de cada organismo. Consideramos uma dengue como hemorrágica se o paciente apresentar algum tipo de sangramento”, salienta a médica.

Em relação às sequelas da dengue grave, órgãos como coração, rins, fígado e cérebro podem ser afetados. Gláucia Ferreira Matos, professora no Distrito Federal, relata que, além da dengue ter afetado sua imunidade, está investigando problemas nos rins e fígado. “A dengue atingiu gravemente meu fígado e consequentemente meu rim. Agora, estou fazendo acompanhamento com exames de sangue e hemograma”, conta a professora.

Crianças, idosos, gestantes, portadores de doenças imunossupressoras e pessoas com doenças crônicas têm maior risco de desenvolver dengue hemorrágica, além de indivíduos previamente infectados com um sorotipo diferente do vírus da dengue.

Quadro diagnóstico

  • Dengue clássica: febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores musculares e articulares, manchas na pele e, às vezes, sangramento leve das gengivas ou nariz. Dura geralmente de 5 a 7 dias.
  • Sintomas persistentes: fadiga extrema, dores musculares e articulares, e manchas na pele podem aparecer novamente alguns dias após a febre ter cessado.
  • Progressão para dengue hemorrágica: sangramentos espontâneos, dor abdominal, vômitos persistentes, geralmente entre o 3º e o 7º dia, coincidindo com a queda da febre.
  • Dengue grave: choque (pulso fraco e rápido, pressão arterial baixa, extremidades frias e úmidas), sangramento grave e comprometimento de órgãos como fígado, cérebro e coração. Podem surgir de 3 a 7 dias após o início dos sintomas graves.

Repercussão da dengue no país

O Ministério da Saúde informou que, em 2024, o avanço da doença levou 10 estados e o Distrito Federal a decretarem situação de emergência.

Dados de atendimentos por dengue na rede pública:

  • Goiás: 3.835 internações de janeiro a 4 de junho de 2024
  • Mato Grosso: 1.991 hospitalizações este ano (até 4 de junho)
  • Bahia: 9.958 hospitalizados em 2024 (até 5 de junho)
  • Distrito Federal: 72.615 pacientes atendidos por dengue este ano (até 14 de junho)

Levantamento do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp) mostrou que, de 3 a 13 de maio de 2024, 96% dos hospitais paulistas registraram aumento de internações por dengue e síndrome respiratória aguda grave (SRAG).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que o Brasil lidera os casos de dengue em 2024, com 82% dos registros globais, totalizando 6,3 milhões de casos prováveis e 3 milhões confirmados em laboratório.

Prevenção e combate à dengue

O Ministério da Saúde recomenda vistoria semanal de 10 minutos em casa para eliminar criadouros do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. Medidas incluem:

  • Colocar areia nos vasos de plantas
  • Verificar garrafas, pneus, calhas e caixas d’água
  • Checar recipientes atrás da geladeira e climatizador
  • Inspecionar plantas e pratos que acumulem água
  • Amarrar sacos de lixo
  • Limpar calhas de casa

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