Mulheres recebem 20% menos que homens em mais de 50 mil empresas

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Estudo indica que em empresas com 100 ou mais empregados, homens recebiam em média R$ 4.495,39, enquanto as mulheres ganhavam R$ 3.565,48.

Em 50.692 empresas brasileiras com 100 ou mais empregados, as mulheres ganham, em média, 20,7% menos que os homens. O dado foi divulgado nesta quarta-feira (18) no 2º Relatório de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, apresentado pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego (MTE), em Brasília. As informações são baseadas na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2023.

O novo relatório mostra que a diferença salarial entre homens e mulheres aumentou em relação ao primeiro relatório, divulgado em março deste ano, que apontava uma diferença de 19,4%. Segundo o Ministério das Mulheres, o crescimento dessa desigualdade se deve à criação de novos postos de trabalho no ano passado, com 369.050 ocupados por homens e 316.751 por mulheres.

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, afirmou que a igualdade salarial de gênero é uma prioridade para o governo e está em debate em instâncias internacionais, como o G20, sob a presidência do Brasil em 2024, e na Organização das Nações Unidas (ONU). A ministra destacou que, apesar de as mulheres serem chefes de família em 50,8% dos lares brasileiros, elas continuam ganhando menos que os homens pelo mesmo trabalho.

O relatório do MTE analisou 18.044.542 vínculos formais de trabalho, sendo 10,8 milhões de homens e 7,2 milhões de mulheres. O valor total dos rendimentos analisados chegou a R$ 782,99 bilhões, com uma remuneração média de R$ 4.125,77. Nas empresas com 100 ou mais empregados, a média salarial dos homens era de R$ 4.495,39, enquanto as mulheres recebiam R$ 3.565,48.

A diferença salarial se torna mais acentuada entre mulheres negras, que recebiam, em média, R$ 2.745,26, o equivalente a 50,2% do salário dos homens não negros, que ganhavam R$ 5.464,29. Mulheres não negras recebiam em média R$ 4.249,71.

O relatório também indicou que em 31% das empresas analisadas, a diferença salarial entre homens e mulheres era inferior a 5%. No entanto, em 53% das empresas, não havia mulheres suficientes em cargos de gerência ou direção para que o cálculo da diferença salarial fosse realizado. Além disso, 27,9% das empresas indicaram ter políticas de incentivo à contratação de mulheres negras.

Em cargos de direção e gerência, as mulheres ganhavam 27% menos que os homens. Entre profissionais de nível superior, a diferença salarial era de 31,2%.

O estudo também trouxe outros dados sobre as empresas com 100 ou mais empregados em 2023, incluindo que 55,5% utilizavam planos de cargos e salários como critério de remuneração, 63,8% seguiam metas de produção, e 22,9% ofereciam auxílio creche. Além disso, 42,7% dos estabelecimentos tinham entre 0% e 10% de seus empregados formados por mulheres negras, enquanto 8,2% tinham políticas de contratação para mulheres indígenas.

A secretária-executiva adjunta do MTE, Luciana Nakamura, afirmou que a nova Lei de igualdade salarial entre homens e mulheres tem caráter pedagógico, visando conscientizar as empresas sobre a importância de promover a igualdade no ambiente de trabalho.

O relatório foi divulgado no Dia Internacional da Igualdade Salarial, instituído pela ONU em 2019, que busca chamar a atenção para a desigualdade salarial de gênero. Durante a apresentação, a representante da ONU Mulheres para o Brasil, Ana Carolina Querino, destacou que acabar com todas as formas de discriminação contra as mulheres é uma meta para alcançar o desenvolvimento sustentável até 2030.

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