O vírus da pólio pode se espalhar em locais com baixa vacinação e condições sanitárias precárias, afetando crianças não vacinadas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta terça-feira (13) a decisão de manter a poliomielite como uma emergência em saúde pública de interesse internacional. Em comunicado, a OMS informou que um comitê de emergência avaliou os dados sobre a circulação do vírus em vários países, incluindo Afeganistão, Etiópia, Guiné Equatorial, Quênia, Mali, Níger, Paquistão, Senegal e Somália.
O comitê decidiu por unanimidade que o risco de disseminação internacional do poliovírus ainda configura uma emergência global e recomendou a extensão das orientações temporárias por mais três meses.
Os fatores considerados incluíram:
- Vacinação de rotina inadequada: Muitos países enfrentam sistemas de imunização frágeis, que podem ser mais afetados por crises humanitárias e conflitos, tornando as populações vulneráveis a surtos de poliomielite.
- Falta de acesso: A dificuldade de acesso continua a ser um problema significativo, especialmente em áreas como o norte do Iémen e a Somália, onde há populações que não foram alcançadas pela vacinação contra a pólio por mais de um ano.
Desde a última reunião do comitê há três meses, foram registrados 12 novos casos de poliovírus selvagem, cinco no Afeganistão e sete no Paquistão, totalizando 14 casos em 2024. As amostras ambientais positivas para o vírus aumentaram de 126 para 186 no Paquistão e de 44 para 62 no Afeganistão.
Os casos de poliovírus derivado da vacina chegaram a 72 em 2024, com 30 casos na Nigéria. A OMS relatou que a Etiópia e a Guiné Equatorial foram os dois novos países a reportar casos desse tipo desde a última reunião. A maioria dos casos foi importada do Sudão e do Chade.
Esse tipo de poliovírus ocorre devido à vacina oral que contém um vírus ativo, mas enfraquecido. Em áreas com saneamento inadequado e baixa cobertura vacinal, o vírus pode continuar a circular e infectar crianças não vacinadas.
A OMS também informou que a Argélia, Costa do Marfim, Egito, Guiné Equatorial, Gâmbia, Libéria, Moçambique, Senegal, Serra Leoa, Sudão, Uganda e Zimbábue detectaram o poliovírus derivado da vacina em amostras ambientais, sem casos confirmados da doença.
Em 2023, foram confirmados 527 casos de poliovírus derivado da vacina, com 224 (43%) na República Democrática do Congo.
Na Faixa de Gaza, foram detectados poliovírus derivado da vacina em seis amostras ambientais coletadas em 23 de junho de 2024. A OMS está enviando mais de 1 milhão de doses de vacina para a região, visando imunizar cerca de 600 mil crianças até o final de agosto.
A OMS enfatizou a necessidade de um cessar-fogo ou dias de tranquilidade para facilitar a vacinação. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou a importância de garantir a circulação segura de profissionais de saúde e equipamentos médicos.
Além da pólio, há um aumento de casos de hepatite A, diarreia e gastroenterite na Faixa de Gaza, devido às condições sanitárias deterioradas.
O vírus da pólio é altamente infeccioso e pode causar paralisia. Desde 1988, a incidência de pólio caiu 99% globalmente devido às campanhas de vacinação. A pólio continua sendo a única emergência de saúde pública internacional mantida pela OMS. Recentemente, a OMS também avaliou a situação do mpox na África e o risco de sua disseminação internacional.