Rio Grande do Sul registra perda de 17 mil colmeias após enchentes

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Em média, cada colmeia abriga de 50 mil a 80 mil abelhas

Desde o início das enchentes no início de maio, o estado do Rio Grande do Sul já contabilizou a perda de pelo menos 16,9 mil colmeias. Em média, cada uma dessas estruturas abriga de 50 mil a 80 mil abelhas. Os dados, que incluem apenas as perdas das espécies Apis mellifera e abelhas-sem-ferrão até o dia 20, foram compilados pela Federação Agrícola e de Meliponicultura do Rio Grande do Sul, em colaboração com o Observatório das Abelhas, a Embrapa e o Ministério da Agricultura e Pecuária.

O levantamento indica que as colmeias foram mais afetadas em 66 municípios gaúchos, especialmente em Palmares do Sul (RS), onde mais de duas mil colmeias foram destruídas. Segundo a coordenadora executiva do Programa Observatório de Abelhas do Brasil, Betina Blochtein, muitas colmeias foram submersas ou arrastadas pela água das enchentes, resultando na morte das abelhas.

Os dados não contemplam as colmeias parcialmente afetadas pela água nem aquelas que estão em situação de risco devido à falta de alimentos para as abelhas. O Rio Grande do Sul possui um total estimado de 486 mil colmeias, conforme a Associação Brasileira de Estudo das Abelhas.

Betina Blochtein ressaltou que a contagem se restringiu às espécies Apis mellifera e abelhas-sem-ferrão, e que outras espécies de abelhas, como as não sociais, não puderam ser monitoradas. Essas abelhas são mais vulneráveis às mudanças climáticas súbitas e provavelmente foram severamente afetadas pelas enchentes.

A perda desses polinizadores tem impacto direto na agricultura, já que 76% das plantas para consumo humano no Brasil dependem da polinização por abelhas, de acordo com o Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil. Culturas como a maçã, que tem grande dependência das abelhas para polinização, podem sofrer redução na produção e na qualidade dos frutos.

O Rio Grande do Sul, responsável por 45% da produção nacional de maçãs, enfrenta um cenário preocupante devido à perda de abelhas. Além da maçã, outras culturas no estado, como a soja, também são afetadas, ainda que em menor grau de dependência.

Vera Lucia Imperatriz Fonseca, pesquisadora da USP especializada em abelhas nativas, enfatiza que as mudanças climáticas são um desafio contínuo e que é necessário um plano eficaz para lidar com essas questões no setor agrícola.

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