TSE não vai mais enviar observadores à Venezuela

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A dias da votação, Maduro se isola cada vez mais; ex-presidente argentino Alberto Fernández também havia sido convidado pela CNE

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu não enviar observadores para acompanhar as eleições do próximo domingo na Venezuela. A medida é uma resposta às declarações do presidente Nicolás Maduro, candidato à reeleição, que afirmou que as eleições brasileiras não passam por qualquer tipo de auditoria. A alegação é falsa, já que o sistema eleitoral brasileiro é auditável em todas as suas etapas, como demonstrado na última eleição presidencial no Brasil.

“Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral [CNE] daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo”, disse o TSE em nota.

O governo venezuelano, em movimento similar ao do ex-presidente Jair Bolsonaro, convocou embaixadores latino-americanos para uma reunião onde apresentou pesquisas mostrando ampla vantagem de Maduro na eleição de domingo. Além disso, pediu que os representantes diplomáticos evitem “surfar na onda do já ganhou da oposição liderada por María Corina Machado”.

O sistema eleitoral venezuelano, exaltado por Maduro em seu discurso, é tecnicamente seguro, mas houve manipulações em pleitos passados. “Se Edmundo [González] ganhar, entregamos e seremos oposição. Pronto. Meu pai não nasceu sendo presidente”, disse Nicolás Maduro Guerra, filho de Maduro, em entrevista, acrescentando que o governo não tem qualquer pesquisa que indique uma derrota, e sim uma vitória por até 10 pontos percentuais. Outras pesquisas mostram González com 50% das intenções de voto.

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, também descartou a ideia de um “banho de sangue” em caso de derrota de Maduro, afirmando que as Forças Armadas respeitarão o resultado do pleito. “Vamos esperar a decisão do povo transmitida através da CNE e pronto. Quem ganhou, que comece seu projeto de governo, e quem perdeu que vá embora descansar. Isso é tudo”, garantiu.

A dias da votação, Maduro vem se isolando cada vez mais. O ex-presidente da Argentina Alberto Fernández, que também havia sido convidado pela CNE para atuar como observador, disse em sua conta no X ter recebido um recado do governo pedindo que ele não viajasse ao país. O motivo seria o incômodo com o endosso de Fernández às declarações do presidente Lula, que se declarou “assustado” com a retórica agressiva do venezuelano. Em resposta a Lula, Maduro afirmou que quem se assustou deveria “tomar chá de camomila”. Apesar do mal-estar, o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, embarca amanhã para Caracas a fim de acompanhar o pleito. Membros da diplomacia brasileira avaliam que Lula acertou em dar, no ano passado, um voto de confiança ao venezuelano, para normalizar o diálogo e firmar que isso só se daria por meio de um processo eleitoral limpo.

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